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Tratamento de mastite pré-parto em novilhas pode aumentar risco de resíduo de antibiótico no leite

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E CAROLINA BARBOSA MALEK DOS REIS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 18/05/2009

3 MIN DE LEITURA

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Um dos principais problemas enfrentados pelas fazendas leiteiras é a alta prevalência da mastite, uma vez que esta é a doença que mais acomete o rebanho leiteiro. Além de acometer o rebanho em lactação, a ocorrência de mastite em novilhas e primíparas é cada vez mais comum, o que pode resultar em desenvolvimento incompleto da glândula mamária, aumento da contagem de célula somática (CCS) no início da lactação e redução do potencial de produção.

Na tentativa de diminuir os prejuízos causados pela da mastite, o tratamento intramamário com antibiótico de vacas secas ou com produtos de tratamento durante a lactação para novilhas no período pré-parto tem sido uma medida eficiente no controle da doença. No entanto, quando se usa essa estratégia de controle, o leite proveniente dos animais tratados pode apresentar risco de resíduos de antibiótico.

O principal objetivo das indústrias leiteiras é garantir que o leite seja isento de resíduos de antibiótico no leite, uma vez que a presença desses resíduos pode causar alergias ao consumidor, aumentar a resistência bacteriana e interferir negativamente no processo industrial do leite na fabricação de derivados fermentados.

O aparecimento de resíduos de antibióticos no leite está ligado a vários fatores, entre os quais, o desrespeito ao período de carência do antibiótico, a utilização inadequada do medicamento e o tratamento pré-parto.

Na tentativa de diminuir a ocorrência de resíduo de antibiótico no leite, no período logo após o parto, vários estudos têm sido desenvolvidos para avaliar o efeito de tratamentos no período pré-parto, em especial em novilhas.

O tratamento de novilhas, no pré-parto, é uma prática que tem sido usada com frequência em rebanhos com alta prevalência de mastite neste grupo de animais, e pode ser realizado com base em dois protocolos: o primeiro, com a utilização de antibiótico para vaca seca (antibiótico de longa duração) 60 dias antes do parto e, o segundo, na utilização de antibiótico para vacas em lactação com infusão intramamária 7 a 14 dias antes do parto. O tratamento pré-parto tem apresentado excelente taxa de cura contra mastite e novilhas, no entanto, pode resultar na contaminação do leite por resíduo de antibiótico quando o intervalo entre a terapia e o parto é muito curto.

Em um estudo recente avaliando o tratamento de mastite em novilhas, foram selecionados 5 rebanhos canadenses e americanos, dos quais um total de 136 novilhas foram tratadas com cefapirina (formulação para tratamento durante a lactação) em um intervalo de 10 a 21 dias pré-parto. Os animais tratados foram analisados durante as 3 semanas pós-parto em relação a ocorrência de agentes causadores de mastite e quanto a presença de resíduos de antibióticos no leite.

Os resultados apontaram que os microorganismos mais isolados em novilhas foram Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativa. Foram detectados resíduos de antibiótico no leite em 28% das amostras na terceira ordenha, 9% das amostras na sexta ordenha e 4% na amostras da décima ordenha. Os resultados indicaram que, para as condições do estudo, foi possível detectar resíduos até a décima ordenha, ainda que em baixa porcentagem dos animais. O resíduo de antibiótico no leite foi detectado na terceira ordenha quando a terapia com antibiótico b-lactâmico foi realizada no intervalo de 3 a 18 dias antes do parto. Entretanto, quando este intervalo diminuiu para 1 a 8 dias pré-parto, a contaminação do leite se mantinha até a décima ordenha.

Os autores concluíram que a administração do antibiótico intramamário 18 dias antes do parto diminuiu o risco de se isolar estes agentes causadores da mastite após o parto; no entanto, este intervalo foi, também, associado com a presença significativa de resíduo de antibiótico no leite na terceira ordenha.

De forma geral, acreditava-se que na sexta ordenha (ou no terceiro dia pós-parto) o leite já poderia ser comercializado, mas muitos trabalhos científicos têm demonstrado que neste momento ainda pode ser detectado resíduo de antibiótico no leite. Por isso, é importante conhecer as características do medicamento e a idade prevista para o parto. Sendo assim, o uso adequado do antibiótico, seguido do descarte do leite e a realização de testes para detecção do resíduo são medidas fundamentais para a qualidade do leite e para garantir a saúde do consumidor.

Fonte: Andrew, S. M. et al. Veterinary Microbiology. p. 1-7, 2008.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

CAROLINA BARBOSA MALEK DOS REIS

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FERNANDA LUCCI MUSSI FAGUNDES

TAUBATÉ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/11/2010

Caro Marcos

Seria possível indicar a bibliografia referente ao estudo das novilhas dos rebanhos canadense e americano?
Atenciosamente

Fernanda
ALEXANDRE FURLANETO FERNANDES

RIO FORTUNA - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/07/2009

Marcos, leio muitas matérias suas e tenho usado bastante na prática, pois trabalho com qualidade de leite para 5 laticinios aqui na região. Bem, como não sou veterinário, mas acompanhei meu colega de trabalho que é veterinário em uma visita a propriedade onde deparamos com a seguinte situação com relação a mastite: avaliamos 29 animais que estavam em inicio e meio de lactação, destes animais, 11 (com 19 tetos com +++ : 16,3%), 7 (com 8 tetos com ++ : 6,9%), 13 (com 17 tetos com + : 14,6%), 9 (com todos tetos 100% negativo : 59,5%), 1 (com 1 teto com grumos : 0,86%) e dois animais possuem 2 tetos secos.

O produtor está informado dos cuidados que deve ter com a ordenhadeira, na ordenha, secagem dos animais, pre e pós dipping entre outros cuidados (isto após minha visita). Deparando com um problema deste, qual a sugestão para realizar a medicação, o produtor deveria medicar todos animais que apresentam tetos com +++ e o animal que apresenta grumos? Ou espera até a secagem dos animais para ai fazer um bom tratamento?

<b>Resposta do autor:</b>

"Prezado Alexandre",

A recomendação é que somente deve ser feito o tratamento para vacas com mastite subclínica quando o agente causador da mastite for uma bactéria chamada Streptococcus agalactiae. Nas outras situações, o tratamento da mastite subclínica não é recomendado na lactação e sim no momento da secagem (tratamento de vaca seca).

A minha recomendação, além das medidas de prevenção que você mencionou, seria coletar amostras de leite das vacas com 2 e 3 cruzes no CMT e enviar para um laboratório que faça a cultura microbiológica para identificação do agente causador. Somente com esse resultado do agente causador, pode-se fazer uma recomendação de tratamento, descarte ou segregação das vacas. É recomendado o uso de um laboratório veterinário para a cultura microbiológica e não um laboratório humano. A UDESC de Lajes tem esse serviço de cultura microbiológica.

Atenciosamente, Marcos Veiga
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/05/2009

Marcos, satisfação em falar contigo, novamente!

Uma dúvida, a respeito do tema do artigo. Supondo uma vaca que tenha secado hoje, com previsão de parto daqui a 60 dias e que recebeu antibiótico de vaca seca (longa ação). A mesma antecipa o parto em 30 dias (aborto). Abre lactação, no entanto. Como fica a carência no caso. A vaca vai para linha de leite normal?

Se você procurar a informação na bula dos medicamentos, não encontra resposta clara.

Abraço!

(João Paulo/Gaveta)

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado João Paulo Vaienti Alves dos Santos,

Neste caso, deve-se respeitar o período de carência que está na bula, que geralmente varia de 30-45 dias. Caso a vaca venha a ser ordenhada normalmente haverá alto risco de resíduos de antibióticos e o leite deve ser descartado até vencer o período de carência ou então ser testado antes de ser enviado para o laticínio.

Obrigado pela participação. Atenciosamente, Marcos Veiga
JULIO CÉSAR MENEZES DE SÁ

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 19/05/2009

Prezados Marcos e Carolina,

Parabéns pelo artigo, esse é um tema ainda carente de maiores informações ao produtor e que muitas vezes é visto com descrédito ou até mesmo preconceito. Acho de extrema importância enfocar a questão dos resíduos salientando que esse não é um limitante para o uso dessa terapia, basta que sejam respeitados os devidos períodos de carência. Gostaria de uma apreciação sua a respeito do uso de bisnagas para período seco na chamada terapia da "novilha seca". Grato pela atenção.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Julio César Menezes de Sá,

Obrigado pela mensagem. Eu tenho recomendado que se use a terapia da vaca seca para a novilhas (cerca de 60 dias antes da data prevista do parto) ou então o uso de uma bisnaga para tratamento de vacas em lactação quando a novilha já está mais adiantada (10 dias antes do parto). Ambos os procedimentos apresentam taxas de cura entre 90-100% e devem ser empregados em rebanhos com histórico de mastite em novilhas ou então problemas de mastite em novilhas no período pós-parto (duas primeiras semanas).

Atenciosamente, Marcos Veiga
EDUARDO FONSECA PORTUGAL

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/05/2009

Marcos, excelente artigo!
Gostaria de aproveitar a oportunidade e perguntar se existe algum trabalho de pesquisa que também avalia a qualidade do colostro de novilhas tratadas no pré-parto e as recomendações para o recém-nascido desses animais! Sds,Portugal.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Eduardo Fonseca Portugal,

Obrigado pela mensagem. Eu não tenho conhecimento sobre algum trabalho específico em relação a qualidade do colostro em novilhas submetidas ao tratamento pré-parto. A minha opinião é de estes animais não deveriam fornecer colostro, uma vez que geralmente o colostro de novilhas é de menor qualidade e pelo fato de apresentarem uma infecção, mesmo antes do parto. Neste caso, se possível, a solução seria usar o colostro que sobra de outra vaca adulta, que teria mais qualidade.

Atenciosamente, Marcos Veiga

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