Isso porque essa inovação soluciona dois problemas: a dependência do petróleo e a contaminação gerada pelas vacas durante sua digestão, já que liberam gases que produzem efeito estufa. As emissões associadas com a pecuária representam 14,5% de todas as emissões de origem humana. Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), 18% dos gases de efeito estufa provém dos gases emitidos pelos bovinos.
De fato, em Córdoba, as vacas contaminam mais que os automóveis. Segundo a FAO, em um dia, uma vaca contamina o mesmo que um carro que percorre 60 quilômetros. Cada animal emitiria o equivalente em metano a 4,8 toneladas anuais de dióxido de carbono, o mesmo liberado anualmente por uma caminhonete 4x4 das mais poderosas.
De uma maneira muito simples, os pesquisadores conseguiram coletar, purificar e comprimir os gases das vacas para utilizá-los como fonte de energia. “Propomos uma forma econômica e prática de sequestrar essas emissões e utilizá-las como substituto energético”, disse o coordenador do grupo de Fisiologia Animal do INTA em Castelar, Guillermo Berra. Os pesquisadores afirmam que essa energia poderia ser usada para cozinhar, iluminar casas e até mesmo, dirigir carros.
“Uma vaca emite cerca de 300 litros de metano por dia, que podem ser utilizados para colocar em funcionamento uma geladeira de 100 litros de capacidade a uma temperatura entre dois e seis graus durante um dia inteiro”, disse o integrante do grupo de pesquisa, Ricardo Bualo. Mais concretamente, com um dia de emissões de uma vaca, enche-se uma garrafa de 45 quilos de gás. O gás produzido por um animal durante uma semana gera gás natural comprimido suficiente para que um automóvel percorra 100 quilômetros.
Para a captura do gás, foi utilizado um sistema de cânulas que comunicam o interior do rúmen (estômago) da vaca com uma bolsa plástica que, na forma de mochila, fica no lombo do animal.
Como o animal gera diferentes gases, a iniciativa propõe o uso de um composto industrial como a monoetanolamina para extrair o dióxido de carbono e o ácido sulfídrico e purificá-los até obter uma concentração de cerca de 95% de metano.
Para esse processo, utiliza-se um sistema similar aos dos aeradores de aquários que produzem bolhas. Comprime-se esse gás filtrado de maneira simples para armazená-lo em garrafas.
“Utilizou-se uma bici-bomba, uma bicicleta fixa com um pistão incorporado que permite mobilizar o gás e comprimi-lo”, disse o responsável por essa parte do desenvolvimento, Diego Mena. Assim, esse gerador de quatro patas oferece uma solução dupla, gerando energia de maneira eficiente e sustentável e evitando a contaminação do planeta com gases de efeito estufa.
Veja abaixo um vídeo sobre o sistema (em espanhol):
A reportagem é do Infocampo e do https://www.lacapital.com.ar, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.